Perda Auditiva

Etapas do processo de indicação e adaptação da prótese auditiva

A perda auditiva ocorre por um impedimento da capacidade do Sistema Auditivo de detectar a energia sonora. Este impedimento pode ser decorrente de lesões em qualquer uma de suas partes e pode ter início na vida gestacional ou durante o nascimento (congênita) ou acontecer após o nascimento (adquirida), com origem hereditária ou não.

Uma das formas primárias de tratamento da perda auditiva é a seleção e adaptação da prótese auditiva, a qual fornecerá ao indivíduo justamente a possibilidade de receber estimulação auditiva pela amplificação sonora que provê.

Quando existe a suspeita de qualquer tipo de dificuldade auditiva, a conduta indicada é a procura de um médico otorrinolaringologista e de um fonoaudiólogo, que realizarão a avaliação clínica e audiológica completas. A decisão pelo uso de medicamentos, indicação cirúrgica ou uso de prótese auditiva, dependerá do tipo e causa do problema.

É importante que o otorrinolaringologista oriente o paciente sobre papel do fonoaudiólogo nos diferentes aspectos da (re) habilitação – seleção e adaptação da prótese, treinamento auditivo, orientações quanto à audição, orientações quanto à prótese, avaliações periódicas da audição, leitura orofacial e terapia da fala – e transmita essas informações ao paciente e familiares. Desta forma, evitará que a maioria dos indivíduos continue acreditando que sua capacidade de comunicação está diretamente relacionada apenas ao desempenho da prótese auditiva (Campos, Russo, & Almeida, 2003).

Em caso de indicação para o uso da prótese auditiva o fonoaudiólogo deverá intervir precocemente na sua indicação, adaptação para o processo de reabilitação audiológica.

A prótese auditiva não restaurará a audição aos níveis de normalidade, porém se selecionada e adaptada adequadamente, proporcionará ao usuário uma grande ajuda na audição, viabilizando uma melhor comunicação. A amplificação oferecida pela prótese auditiva não se restringe aos sinais de fala, mas inclui também os sons ambientais, os sinais de perigo (como alarmes contra incêndios) e de alerta (campainhas de porta ou telefone), bem como sons que melhoram a qualidade de vida do indivíduo (música, canto dos pássaros e outros). Além disso, é o instrumento utilizado para facilitar a educação e o desenvolvimento psicossocial e intelectual do deficiente auditivo.

Estudos mais recentes comprovam que, com a amplificação oferecida pela prótese auditiva, a memória dos sons da fala fica preservada, impedindo que com o passar dos anos a dificuldade em reconhecê-los aumente ainda mais pela privação sensorial.

Uma boa adaptação à prótese auditiva requer, portanto, um atendimento fonoaudiológico especializado, que envolva desde a escolha da prótese adequada ao usuário, o seu teste em experiência domiciliar assistida com as regulagens e ajustes adequados, os exames para verificação da efetividade da amplificação, um bom acompanhamento longitudinal do usuário, incluindo sessões de aconselhamento e treinamento auditivo.

É muito importante também que o portador da deficiência auditiva aceite que tem a necessidade de usar a prótese auditiva e seja bem orientado quanto às suas vantagens e limitações, propondo-se a realizar o teste para que possa saber os benefícios reais que a prótese proporcionará em sua vida diária.

Os resultados dependerão do tipo e grau da perda auditiva de cada um, sendo também influenciados pela idade do usuário, pelo tempo de existência do problema, da motivação do paciente e empenho familiar.

O paciente deficiente auditivo perde, quase sempre, a capacidade de separar os ruídos de fundo dos sons de fala, o que dificulta ainda mais sua adaptação.

Atualmente, as próteses auditivas mais modernas possuem recursos que o ajudam neste aspecto, onde os sons que se concentram na área da fala podem ser enfatizados em detrimento dos sons que compõe o ruído. Os avanços tecnológicos dos aparelhos digitais permitem que o usuário tenha muitos benefícios na conversação, nos diferentes ambientes do seu cotidiano. proporcionando melhor discriminação auditiva, menor desconforto em ambiente ruidoso, através de recursos como redutores de ruído, múltiplos microfones e ênfase para fala.

Todo indivíduo portador de deficiência auditiva deve ser entendido e respeitado, recebendo um atendimento qualificado, ético e que lhe permita ser incluído de forma participativa dentro da comunidade. Só assim teremos certeza de estarmos todos cumprindo nosso papel na existência humana.

 

Raquel Munhoz

Fonoaudióloga Especialista em Audiologia Clínica – Núcleo de Audiologia